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Professor do Ifac estuda tecnologia para auxiliar no diagnóstico e tratamento do câncer

publicado: 26/03/2021 11h42, última modificação: 26/03/2021 11h42
Pesquisa em andamento na Ufac é inédita na utilização da taboca como matéria-prima para o desenvolvimento de nova tecnologia
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O professor de Química do Instituto Federal do Acre (Ifac), Marcelo Ramon Nunes está participando de um estudo que busca desenvolver uma tecnologia para auxiliar no diagnóstico e no tratamento do câncer. O trabalho é parte da pesquisa de doutorado do professor que está sendo realizado na Universidade Federal do Acre (Ufac), com coorientação do professor Anselmo Fortunato e orientação do professor Fernando Escócio. A pesquisa é desenvolvida no Laboratório de Nanotecnologia da Ufac.

A tecnologia que está sendo desenvolvida consiste em nanopartículas da celulose extraídas a partir do processamento da taboca, que é uma espécie de bambu comum na região. Conforme explicou o professor Marcelo Ramon, a nanotecnologia é a ciência que manipula a matéria numa escala atômica e molecular, portanto as partículas produzidas não são visíveis a olho nu. No entanto, os nanocristais de celulose desenvolvidos nesta pesquisa ficam visíveis quando submetidos a uma luz ultravioleta (UV).

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Foto: etapas do processamento do bambu

O desafio dos pesquisadores é fazer com que esse material auxilie a identificar células cancerígenas, e dessa forma, possa ser usado no diagnóstico do câncer, conforme explicou Marcelo Ramon.

Essas partículas ficam fluorescentes na luz ultravioleta. Então, se a gente tratar elas quimicamente de tal modo que, ao injetá-las no paciente, elas se liguem somente às células doentes, se aglomerando em torno dessas células, nós teremos um diagnóstico mais fácil. Basta expor o indivíduo a uma radiação UV e teremos a florescência em torno do órgão afetado pelo câncer”, esclareceu.

Ciência para a saúde

Além de identificar as células doentes, outro objetivo da pesquisa é que os nanocristais de celulose possam ser utilizados em conjunto com o medicamento de quimioterapia, como nanocarregadores. A proposta é que as partículas “carreguem” os quimioterápicos diretamente para as células cancerígenas, a fim de diminuir os efeitos colaterais desse tratamento como a queda de cabelo, náuseas e vômitos, infertilidade, entre outros.

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Foto: nanocristais de celulose visíveis sob luz UV

De acordo com Marcelo Ramon, “o grande problema da quimioterapia convencional é que ela mata tanto as células doentes quanto as saudáveis e isso gera efeitos colaterais muito agressivos no paciente. Por isso, como essas nanopartículas que estamos desenvolvendo, em tese, se grudariam somente nas células doentes, seria possível aumentar a concentração do quimioterápico de forma que ele afetasse somente essas células. Por isso, um dos desafios da nossa pesquisa é fazer com que o quimioterápico se ligue às nanopartículas de celulose”, explanou.

Segundo o pesquisador, cientistas no mundo inteiro já produzem essas nanopartículas que podem ser sintetizadas a partir de qualquer fonte de carbono. “Na nossa pesquisa, tivemos a ideia de usar a taboca que é o bambu amazônico que tem em grande abundância na nossa região. Portanto, o trabalho não é exclusivo nosso. A novidade é que usamos a taboca como produto e o fato de sermos pioneiros nesse tipo de pesquisa no Acre”, comentou o professor.

O próximo passo da pesquisa, que começou em março de 2019, é purificar e tratar a amostra quimicamente, a fim de torná-la mais compatível com células humanas, e consequentemente, menos tóxica, além de aumentar a eficiência da fluorescência. Por último, resta fazer os testes em camundongos.

A pesquisa do professor Marcelo Ramon foi destaque em uma matéria do Portal G1 Acre – clique aqui para conferir.