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Campus Baixada do Sol
Campus Baixada do Sol celebra Consciência Negra com arte, reflexão e valorização da identidade afro-brasileira
O campus Baixada do Sol (Transacreana), do Instituto Federal do Acre (Ifac), promoveu uma programação especial em alusão ao Dia da Consciência Negra. O evento, organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), reuniu estudantes, servidores e comunidade externa em uma manhã dedicada à celebração da cultura afro-brasileira, ao diálogo e à valorização das lutas e contribuições do povo negro.

De acordo com o coordenador do Neabi, do campus Baixada do Sol (Transacrena), Antônio Fernando de Souza e Silva, o evento foi um momento de emoção, aprendizado e celebração. “Ver nossos estudantes protagonizando ações como a peça teatral e participando ativamente de todas as atividades nos mostra que estamos no caminho certo. A Consciência Negra não pode ser lembrada apenas em uma data, mas deve fazer parte do nosso cotidiano educativo. Eventos como este fortalecem nossa identidade, promovem o respeito à diversidade e reafirmam o compromisso do IFAC com uma educação antirracista e inclusiva".
O evento, realizado no dia 22 de novembro, teve início com uma recepção musical que acolheu os participantes e criou um ambiente propício para celebração e reflexão. Logo após os estudantes do Ensino Médio Integrado apresentaram a peça teatral A Escrava, inspirada no conto abolicionista de Maria Firmina dos Reis. A montagem, fruto de um trabalho coletivo dos estudantes e professores na elaboração do roteiro, figurino, cenografia e atuação, retratou o cotidiano de uma mulher negra durante o período escravista, destacando temas como resistência, memória e luta por liberdade.

Outro momento de destaque foi a palestra Educação para as Relações Étnico-Raciais no Brasil: caminhos para a (re)construção de identidades, conduzida por Joana Marques de Lima Saar Xavier, historiadora, pedagoga e especialista em Educação para as Relações Étnico-Raciais, e por Mary Barbosa Eusébio, advogada, especialista em Previdência Social e presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/AC. A apresentação teve início com a exibição de imagens retiradas de livros didáticos, evidenciando como esses materiais, historicamente, reforçaram representações reduzidas sobre os povos negros. Em seguida, as palestrantes mostraram uma série de fotografias de países africanos, registrando centros urbanos, paisagens deslumbrantes e cenas cotidianas pouco difundidas na mídia, e convidaram o público a identificar os locais.
A dinâmica foi apresentada como uma “brincadeira”, permitindo discutir o próprio conceito de brincar na educação infantil, entendido como experiência pedagógica carregada de significado. A atividade revelou como estereótipos ainda moldam a percepção sobre a África e ressaltou a importância de ampliar repertórios culturais no ambiente escolar. A partir desse diálogo, Joana e Mary discutiram a centralidade da educação antirracista na formação de identidades, destacando a necessidade de rever narrativas, valorizar ancestralidades e promover práticas educativas que reconheçam a pluralidade das experiências negras no Brasil.

As palestrantes também conduziram uma oficina prática de confecção de bonecas Abayomi, símbolo de resistência, afeto e identidade afro-brasileira. Durante a atividade, os participantes aprenderam a técnica de criar bonecas de tecido sem costura, utilizando apenas nós e retalhos. As facilitadoras explicaram a origem histórica dessas bonecas, que eram feitas por mães escravizadas nos navios negreiros para confortar seus filhos separados delas durante a travessia. O momento foi marcado por engajamento e emoção, com muitos participantes se descobrindo no processo criativo.

A programação contou ainda com uma apresentação do Grupo Arte Força Capoeira, liderado pelo capoeirista Fábio Fortes. Em formato de roda de capoeira, foram demonstrados os principais estilos da prática (angola, regional e contemporânea), acompanhados de contextualização histórica sobre a capoeira como forma de resistência e patrimônio cultural afro-brasileiro. A apresentação reforçou a ideia de que o conhecimento está presente também nos corpos, nas memórias e nas tradições afro-brasileiras.

O evento foi enriquecido com a exposição de cartazes sobre culinária e personalidades negras, todos elaborados por estudantes, e uma degustação de pratos típicos afro-brasileiros, como mungunzá e feijoada, preparados especialmente para a ocasião. Ao final, todos os participantes receberam um chaveiro 3D de lembrança, produzido pelo laboratório IF Maker/Campus Baixada do Sol, como símbolo de valorização e memória do encontro.

O Dia da Consciência Negra, dedicado à memória de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, é um marco de resistência e luta contra o racismo no Brasil. A data convida à reflexão sobre as desigualdades persistentes e ao compromisso com a construção de uma sociedade mais justa. A programação do evento no Ifac integrou arte, cultura, educação e história, proporcionando aos participantes uma experiência formativa e transformadora. Com iniciativas como esta, o Ifac reafirma seu compromisso com a inclusão, o respeito à diversidade e a valorização das contribuições do povo negro para a formação cultural, social e histórica do Brasil.

Texto e fotos: Antônio Fernando de Souza e Silva/Ifac