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Campus Rio Branco

Pesquisadores do Ifac e Ufac apresentam devolutiva de pesquisas na Resex Chico Mendes

publicado: 22/09/2025 10h35, última modificação: 22/09/2025 10h36
Ação aproxima comunidade local da ciência com foco em sistemas agroflorestais, morcegos e biota aquática, integrando pesquisa e saberes tradicionais na Amazônia
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Pesquisadores do Instituto Federal do Acre (Ifac) e da Universidade Federal do Acre (Ufac), com apoio de instituições parceiras, realizaram entre os dias 2 e 5 de setembro, uma série de atividades de resultado de pesquisas científicas e educação ambiental na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no Acre.

A ação é parte da iniciativa Amazônia +10, que busca fortalecer a ciência e a inovação na região amazônica, promovendo pesquisa integrada com participação comunitária. O projeto foi financiado com apoio da Fapesp e contou com a parceria de instituições como o Instituto Federal do Acre (Ifac), através da Pró-reitoria de Inovação, Pesquisa e Pós-graduação (Proinp), Fapac, Fapespa, ICMBio, SOS Amazônia, responsável pelo suporte logístico.

O objetivo da iniciativa foi aproximar as comunidades tradicionais da pesquisa acadêmica, por meio da apresentação de resultados de estudos sobre sistemas agroflorestais (SAFs), morcegos e biota aquática, além de promover oficinas educativas com estudantes e rodas de conversa com os moradores.

Troca de saberes - Durante as atividades, alunos da Escola Municipal José Joaquim Meireles, no Seringal Porvir, participaram de trilhas ecológicas, oficinas práticas e jogos educativos, como o “Peixes da Memória”, que ajudaram a ensinar, de forma lúdica, sobre a biodiversidade dos igarapés locais.

O pesquisador Lucas Pires de Oliveira destacou a importância de envolver as crianças no processo de conscientização ambiental. “Muitas vezes não percebemos a importância dos pequenos igarapés e dos organismos que vivem neles. Eles são fundamentais para a saúde dos ecossistemas e para a vida das pessoas que dependem desses ambientes. Por isso, a troca de saberes e a conscientização da comunidade são passos fundamentais para a preservação desses ambientes, que infelizmente vêm sendo amplamente degradados”.

Além da abordagem educativa, os pesquisadores apresentaram à comunidade os resultados de estudos que identificam espécies indicadoras da saúde dos ecossistemas aquáticos e alertaram sobre os impactos das mudanças na vegetação ripária.

Sistemas Agroflorestais - Os SAFs foram outro foco importante da ação. As apresentações ressaltaram os benefícios ecológicos e econômicos desses sistemas, como a proteção do solo, a conservação da biodiversidade e a geração de renda para as famílias locais.

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A estudante Ediciana Lopes, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Ifac, participou das atividades e compartilhou suas impressões. “Tive a oportunidade de mergulhar nas discussões sobre sustentabilidade na Amazônia. Foi inspirador conhecer o trabalho de tantas pessoas comprometidas com a proteção da floresta. Apresentei os projetos do Laboratório de Biodiversidade (LABIO) do campus Rio Branco, que monitoram a diversidade, dieta e parasitas de morcegos em SAFs e florestas primárias na região”.

A experiência também foi enriquecedora para os pesquisadores que participaram da vivência em campo. Tailane, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), destacou o acolhimento das comunidades e a importância da colaboração mútua. “Essa pesquisa só foi possível com o apoio dos moradores. Foi uma honra poder aprender com eles e compartilhar experiências. A receptividade e o envolvimento da comunidade tornaram esse trabalho ainda mais especial”.

Para o engenheiro florestal Anthony Barbosa, mestre em Botânica Tropical pelo Museu Paraense Emílio Goeldi/UFRA, o projeto também teve um impacto pessoal marcante. “Fazer ciência não é possível sozinho. Nos seringais, fomos lembrados disso o tempo todo. A generosidade dos produtores de SAFs foi essencial para nosso trabalho. Levo comigo não só os dados, mas as histórias, aprendizados e o carinho desse lugar incrível que é o Acre” .

O docente André Botelho, coordenador do Laboratório de Biodiversidade (LABIO), do campus Rio Branco, fez uma avaliação da ação. “Ao unir pesquisadores, estudantes e moradores locais, a atividade reforça o papel da ciência cidadã como ferramenta para a conservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento dos vínculos entre conhecimento acadêmico e saberes tradicionais”, disse.

(Com informações fotos enviadas pelo docente André Botelho, através da coordenação de Comunicação e Eventos do campus Rio Branco)