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Seminário Rede IFAC gera contribuições para diretrizes do Ensino

publicado: 07/07/2016 12h21, última modificação: 13/10/2025 16h30
Evento mostrou experiências nacionais e colheu sugestões da rede formada pelos campi do IFAC
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Professores e técnicos de todas as Unidades do Instituto Federal do Acre – IFAC participaram nestes dias 05 e 06 de julho do Seminário Rede IFAC "Diretrizes Curriculares para a Educação Profissional: Desafios e Possibilidades”, que aconteceu no Campus Rio Branco. O evento foi organizado pela Pró-reitoria de Ensino – PROEN.

Boas vindas

Na abertura, a reitora do IFAC, Profa. Rosana Cavalcante dos Santos, contou que nos últimos dois anos foram regularizados os documentos norteadores e que agora o momento é de avançar no exercício continuado de aprender, construir e reconstruir. “Estávamos fazendo a base, agora vamos dar um novo passo de nossa história rumo a qualidade”, aproveitando para elogiar a PROEN pela iniciativa de nomear o evento como “Rede”, que é o somos com a união dos seis campi e no âmbito nacional com os demais 37 institutos. Para finalizar, ela destacou que “o IFAC tem espírito vencedor e que, independente das condições políticas que o País está passando, não vamos cruzar os braços e vamos focar na excelência que queremos alcançar”.

Em seguida, a pró-reitora de Ensino, Lucilene Acácio, apresentou um panorama da Rede IFAC e fez um histórico dos eventos anteriores. “Iniciamos estes debates em 2014 com o seminário ‘Discutindo as formas de ingresso nos cursos técnicos e superiores da Rede IFAC –  SEFIN’ e avançamos agora com os seminários locais que culminam com este encontro”, explicou, citando alguns avanços como a mudança do organograma da PROEN e a visão de que o setor é norteador de políticas. “Estamos na superfície e precisamos mergulhar sobre nossa oferta, identidade pedagógica, currículo, formação de professores, entre outros”, complementou.

No primeiro dia do seminário aconteceram palestras com profissionais da Rede Federal convidados e o segundo dia foi dedicado a grupos de trabalho para debater temas específicos.

Palestras

“A Educação Profissional no Contexto dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia” foi o tema de abertura ministrado pelo Prof. Francisco Sobral, pró-reitor de Extensão do Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ, ex-reitor do Instituto Federal Catarinense - IFC.

Ele abordou a trajetória que impulsionou a educação profissional federal até a criação dos Institutos, enfatizando que todos somos filhos das universidades, mas não somos universidades.  “Aqui atendemos da formação inicial e continuada, como o Programa Mulheres Mil, até a pós-graduação. Temos autonomia para discutir o que fazemos, somos uma Rede e diferente do que muitos repetem – não temos que nos preocupar com o mercado de trabalho, temos sim que formar um cidadão consciente, que compreenda técnica (fazer algo), ciência (como e por que algo é feito) e humanismo (para que esta técnica serve). O curso tem que beneficiar o projeto de vida do aluno e não só para trabalhar dentro de uma empresa”, disse.  Sobre o mundo do trabalho, Prof. Sobral alertou que o Brasil, como a maior parte dos países, está passando por um processo de desindustrialização. “Esta é uma questão mundial e precisamos prestar atenção que cada vez mais as produções são feitas em pequenos grupos locais e, assim, se sairá melhor aquele que souber empreender convivendo e partilhando conhecimento e acima de tudo sendo feliz”, finalizou.

“Itinerário Formativo e a Construção do Currículo na Educação Profissional” foi o tema abordado pela Profa. Marcelina Teruko Fujii Maschio, diretora executiva da Reitoria do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul – IFMS no primeiro horário da tarde do dia 05.

Ela sinalizou que o Itinerário Formativo é uma discussão muito recente na Rede Federal e indicou caminhos como o estudo do Código Brasileiro de Ocupações – CBO para que todos conheçam as famílias de ofícios em cada profissão que certificamos. “Precisamos conhecer os princípios e os documentos legais que nos regem para então ajustarmos os currículos”, disse indicando como um dos exercícios é a eliminação de repetições e fragmentos nas formações. “Estamos pensando, por exemplo, em uma certificação intermediária para validar os conhecimentos parciais recebidos. Um engenheiro que faz quatro anos de faculdade é o que? Nada. Mas será que os conhecimentos que ele recebeu até ali não o habilitam para uma certificação intermediária como um técnico?”, refletiu.

Para Profa. Marcelina a montagem do itinerário formativo parte do conhecimento sobre quem são nossos alunos, suas características, faixa etária, valores e histórico de vida.  “Nós temos um papel social a cumprir, nosso compromisso é com o estudante-trabalhador. E nosso compromisso é ofertar conhecimento que possa ser útil para sua vida”, destacando ainda que a nossa função é fazer o planejamento institucional, (re) pensando práticas cotidianas, atentando para a densidade tecnológica (amplitude da cadeia tecnológica envolvida na proposta curricular de um curso) e oferecer caminhos porque a escolha do itinerário é do aluno.

E encerrando a etapa das palestras, o Prof. Sidinei Cruz Sobrinho, pró-reitor de Ensino do Instituto Federal Farroupilha, coordenador do Fórum de Dirigentes de Ensino da Rede Federal e líder do grupo de pesquisa sobre Currículo Integrado abordou o tema “Currículo Integrado: Concepções, Práticas e Desafios”.

Ele iniciou com uma aula filosófica sobre mudanças de paradigmas a respeito de conceitos sobre Ciência e Tecnologia. “Qual a ciência que não é humana?”, perguntou. “Todos os dias temos que nos perguntar: para que é útil aquilo que eu ensino?”, provocou.  E falou ainda sobre o currículo como espaço de poder e da falsa ideia da fragmentação do conhecimento. “O que eu ensino está interligado com o que o colega ensina e temos que ligar esses pontos. O conhecimento científico é integrador”, explicou. 

Prof. Sidinei explicou a distinção entre autonomia e soberania, afirmou que os cursos técnicos não são mini-bacharelados como muitas vezes são tratados e deixou várias reflexões como a capacidade do técnico que formamos poder trabalhar em qualquer lugar do território nacional e sobre a atualização de materiais didáticos frente à intensa produção das publicações científicas. 

Exemplificando com sua experiência no IFFarroupilha, o pró-reitor de Ensino falou ainda de organização curricular com base na ênfase tecnológica e áreas de integração, absorvendo ações da Pesquisa, da Extensão, no NEABI e do NAPNE também, além da possibilidade de ações intercampi.

Debates

No dia 06 os participantes se distribuíram em salas temáticas sobre Currículo Integrado, Itinerário Formativo e Proeja. E na parte da tarde, em plenária, as sínteses dos debates foram apresentadas pelos mediadores.  

Segundo a pró-reitora de Ensino, Profa. Lucilene Acácio, todas as contribuições dadas – tanto nos seminários locais quanto no seminário Rede – serão consideradas como diretrizes para a elaboração dos documentos necessários para o avanço do Ensino do Instituto Federal do Acre.