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Campus baixada do sol
Professora do IFAC realiza pesquisa com pescado moído na alimentação escolar
Com objetivo de desmistificar o uso do pescado e também contribuir para uma melhor alimentação, a professora do curso de Processos Escolares do Instituto Federal do Acre (IFAC), Guiomar Almeida Diniz, está dando andamento a pesquisa em que utiliza o pescado moído na alimentação escolar. O projeto, que contou com a participação de 110 crianças, foi desenvolvido na Escola Municipal Anice Dib Jatene.
De acordo com Guimar Diniz, além da autorização dos pais e também da direção da unidade escolar, para que a pesquisa fosse aplicada ela também recebeu autorização do Comitê de Ética em Pesquisa. O projeto, que agora se encontra na fase de finalização, também contou com a participação das merendeiras e quatro professores.
“Por trabalhar com pescado e com desenvolvimento de produtos alimentícios, percebi, com o curso de Processos Escolares, que os alunos comentavam sobre situações nas escolas públicas em que o peixe moído havia sido inserido na alimentação das crianças, mas que não havia tido receptividade e aceitação por parte delas. Além disso, as merendeiras também tinham dificuldade de trabalhar com o alimento”, explicou Guiomar Diniz.
Devido a situação, em 2014 o peixe moído foi substituído por filé de pescado. “O fato é que este ano, em função da crise, não foi mais possível manter o filé de pescado nas escolas. O que nos apontou mais um motivo para se manter o peixe triturado na alimentação escolar, pois além de ser mais barato, possui valor nutricional semelhante ao do filé”, ressaltou a professora.
Segundo Guiomar, a pesquisa prática com os alunos, professores e merendeiras da Escola Municipal Anice Dib Jatene teve duração de quatro dias. Durante o período, as primeiras atividades foram desenvolvidas com as merendeiras, que receberam treinamento teórico sobre as boas práticas de fabricação do produto, higiene, controle de pragas, além de demais orientações que influenciam diretamente no trabalho da cantina.
“Após esta etapa, desenvolvemos receitas com o pescado moído. O objetivo foi trabalhar as diversas possibilidades e situações em que o peixe moído poderia ser inserido na alimentação, e este não ser somente frito ou cozido. Em nenhum momento do projeto trabalhamos com frituras ou aditivos que retirassem a naturalidade dos alimentos, além de também ter sido priorizada a legislação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)”, destacou Guiomar Diniz.
A pesquisadora destaca que também foi desenvolvida pesquisa sobre o perfil alimentar das crianças que participaram do projeto, em que estas foram questionadas sobre o que gostavam de comer. A partir daí, foi realizado levantamento dentro dos grupos de alimentos dos quais os alunos tinham mais afinidade. “Fizemos um avaliação sensorial, buscamos neles a aceitação com relação ao pescado, e posteriormente fizemos oficinas com filmes, montagem de quebra-cabeça e refeição compartilhada. Para a finalização da pesquisa foi aplicada uma avaliação sensorial para verificar se as nossas intervenções haviam sido suficientes para mudar a mentalidade e estas crianças aceitarem mais o pescado na alimentação”, contou a professora.
Para a educadora Bárbara Fernanda Matos de Oliveira, responsável por uma das turmas em que a pesquisa foi aplicada, é importante que projetos envolvendo bons alimentos sejam desenvolvidos no campo escolar. Segundo ela, o envolvimento da escola faz com que os alunos levem, com mais facilidade, as informações e boas práticas para dentro de casa.
“No início eles ficaram um pouco reticentes quando se falou que a pesquisa era sobre peixe, já que muitos deles não têm o hábito de comer. Porém, no decorrer da semana foi possível perceber a aceitação dos alunos, vimos eles empolgados e o quanto o trabalho envolveu cada um. Acredito que daqui pra frente, eles (alunos) terão outro olhar em relação ao peixe”, ressaltou Bárbara Oliveira.
Janete Maia, que é merendeira na Escola Municipal Anice Dib Jatene, conta que os conceitos que aprendeu durante os dias de pesquisa serão levados até mesmo para dentro da própria casa. “Foi um trabalho muito proveitoso. Tínhamos o conhecimento da prática, mas foi importante saber sobre o peixe na alimentação, principalmente para as crianças que estão em uma fase de crescimento. Espero que o peixe volte a ser inserido na alimentação escolar”.
De acordo com, Guimar Diniz, os dados coletados com a pesquisa serão tabulados para que seja feita a conclusão do trabalho. A expectativa, segundo a professora do IFAC, é de que o projeto também chegue a conhecimento das autoridades públicas do Acre e que os resultados contribuam para melhorias na alimentação dos estudantes acreanos.



