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Moradores que participaram de curso profissionalizante pelo IFAC/Pronatec criam cooperativa em Bujari
Onze alunos de uma turma de vinte que participaram do curso de Avicultor promovido pelo Instituto Federal do Acre – IFAC através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec no município do Bujari idealizaram e batalharam para concretizar o sonho de fundar uma cooperativa e expandir a produção na região, sonho este que não ficou só na mente. Com o apoio que eles receberam dos professores no período da capacitação resolveram colocar em prática tudo aquilo que apreenderam em sala de aula é criaram a COOP-AVES (Cooperativa de Produtores de Aves do Bujari).
Com um sorriso no rosto Sérgio Kurtz, popularmente conhecido na região como “Gaúcho”, diz que muitas foram as dificuldades que ele e os colegas tiveram para conseguir concluir a capacitação. “Como o curso acontecia apenas uma vez por semana, passávamos o dia todo estudando. Muitos de nós mora em lugares distantes e nem todos possuem transporte, por isso quem tem condução dava carona para os que não tinham”, falou.
Para Sérgio, o curso não modificou apenas a forma de trabalho, mas também foi uma transformação de vida. “Foi uma mudança de 180 graus, de repente tudo se transformou, mesmo criando galinhas há anos percebi que fazia tudo de maneira errada. O curso foi um divisor de águas na minha vida e na dos meus colegas. Os professores foram excelentes e sempre nos incentivaram”, disse.
Outro participante do curso Francisco Raimundo Freire Cabral, conhecido também como Cabral, conta que a ideia da cooperativa surgiu após uma visita que a turma fez a uma granja. “Todo mundo já criava galinhas [aves] em pequena escala no quintal, só que com as aulas práticas pudemos observar o que estávamos fazendo de errado. Não tínhamos consciência da importância dos medicamentos, vacinas e de como deveríamos preparar a ração. Depois das aulas práticas, Sérgio e eu começamos a organizar pequenas reuniões com a turma. E com ajuda dos professores para falar sobre uma possível cooperativa, tendo em vista que o município possui um abatedouro que não estava sendo usado”, destacou.
Cabral e Sérgio fazem parte da comissão constituinte da cooperativa. Eles contam que conseguiram apoio de instituições governamentais e doações de matérias para a construção dos galpões e dos equipamentos necessários para manutenção dos animais, além da autorização para o uso do abatedouro do município. Segundo eles, a desistência de nove moradores que não quiseram mais fazer parte do projeto dificultou um pouco a criação da cooperativa, pois de acordo com legislação do cooperativismo é necessário no mínimo 20 pessoas. Mesmo diante da dificuldade não desanimaram e encontram uma forma para solucionar esse problema. Eles convidaram moradores da região que não fizeram o curso para compor a cooperativa. “Espero que sirva de exemplo para outras pessoas, e que eles também possam acreditar e lutar pelos sonhos e que a cooperativa cresça cada vez mais”, afirmou Sérgio.
Como a maioria das famílias associadas moram em ramais distantes uma das outras, e para facilitar a produção conclui-se que seria melhor cada um dos associados possui seu próprio galpão com capacidade de produção mínima de mil galinhas. Já a sede da cooperativa ficará no polo onde funciona o abatedouro. “Cada associado vai criar as aves na sua propriedade e passaremos semanalmente nas casas recolhendo os frangos e levando para o abatedouro”, frisou Sérgio.
Com um olhar confiante e com um sorriso, Cabral destacou que a COOP-AVES tem muito ainda o que conquistar pela frente. “Vamos mexer com mercado de aves, vocês ainda irão ouvir falar muito da nossa cooperativa. Vamos fazer história no Estado. Tudo isso graças ao Pronatec/IFAC que abriu essa possibilidade”, acrescentou.
Para a professora do Programa, Josiane Moura Nascimento, a capacitação em Avicultor trouxe uma nova perceptivas para os moradores e uma visão diferente à respeito da importância da educação profissionalizante para o desenvolvimento socioeconômico. “Eles me surpreenderam. Já ministrei aulas para outras turmas e nem todos têm essa mesma iniciativa, desde o início essa turma demostrou um comprometimento nas aulas. Quando surgiu a ideia da cooperativa alguns alunos tiveram uma certa resistência, mas no final tudo acabou dando certo. Estou muito feliz em poder participar desse momento tão importante e especial na vida dessas pessoas. Eles acreditaram que era possível realizar um sonho como este, e agora estão vivendo essa realidade”, conta.
“Precisamos acreditar que temos capacidade para fazermos o que quisermos, basta apenas nos esforçamos e lutarmos pelos nossos objetivos”, mencionou Cabral. Antes do curso ser ministrado, nenhum dos participantes tinha o objetivo de abrir seu próprio negócio. “Se não fosse pelo IFAC ter ofertado esse curso de Avicultor, ainda estaríamos vivendo do mesmo modo vendendo de dez a vinte galinhas por semana, nossa visão de mundo continuaria sendo a mesma. Mas ainda bem que existem programas como este, que nos ajudam a ampliar o conhecimento e nos fazem ir além do esperado”, conclui Cabral.
Com a estrutura da COOP-AVES pronta, a previsão para funcionamento, de acordo com Sérgio, é até o final do ano. “Ainda estamos fazendo alguns ajustes e concluindo o processo de regulamentação da cooperativa. Esperamos que até o mês dezembro possamos realizar o primeiro abate dos frangos, já que é necessário que eles estejam com 42 a 50 dias, que o é ideal para o consumo”, explicou.
